Wanderley Nogueira entrevista Antonio Carlos Castanheira, presidente da Portuguesa

Wanderley Nogueira entrevista Antonio Carlos Castanheira, presidente da Portuguesa - Otávio Sá Leitão

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Foto: Reprodução/Jovem Pan
Por:Wanderley Nogueira
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O mais novo episódio do “Nossa Conversa”, podcast da Jovem Pan News, comandado por Wanderley Nogueira, recebeu Antonio Carlos Castanheira, presidente da Associação Portuguesa de Desportos. Nas últimas semanas, o dirigente da Portuguesa e investidores assinaram contrato que definiu o processo para o clube se tornar uma Sociedade Anônima do Futebol. Durante a entrevista, Castanheira abre o jogo sobre o início da Era SAF na Lusa, explicando os projetos, expectativas e como o clube pretende se reposicionar no futebol brasileiro.

Confira a entrevista abaixo:

Wanderley Nogueira: “Olá, estamos juntos mais uma vez para a nossa conversa. O convidado de hoje é o presidente Antônio Carlos Castanheira, presidente da Portuguesa de Desportos, que nas últimas semanas está na mídia, se fala bastante da Portuguesa. E eu agradeço desde já, presidente Castanheira, a gentileza da sua presença para contar esse novo momento da Portuguesa”.

Presidente Castanheira: “Boa noite, Wanderley. É sempre um prazer estar com você, é uma honra participar do seu programa, viu?! Sou seu fã”.

Wanderley Nogueira: “Obrigado, presidente. Eu vou começar aqui com essa manchete que ocupou alguns jornais. A Portuguesa de Desportos receberá um bilhão de reais para modernizar o calendário e voltar à Série A. Esse é um valor forte, atrativo para aquele que acompanha o noticiário. Forte também é a notícia de que a Lusa terá um novo clube social, uma arena moderna, investimento no futebol e a solução do seu passivo. Eu acredito que essa nossa conversa, presidente Castanheira, vai servir para esclarecer muita coisa.

Eu estava, antes que o senhor entrasse na tela para a gente conversar, pensando naquele momento do Ronaldo. O Ronaldo chegou no Cruzeiro, veio aquele anúncio, mais ou menos parecido com esse. O Cruzeiro recebe 400 milhões. O número é impactante. E aí já tinha torcedor do Cruzeiro imaginando que ele estava embarcando para trazer o Messi. Só esqueceram de avisar que seriam 400 milhões divididos em 10 anos. 40 milhões por ano, com aquelas regrinhas da SAF. Aquele dinheiro tem que pagar isso, pagar aquilo, baixar a dívida. Não era aquela fartura financeira. Embora em um momento em que o Cruzeiro iria ajustar a sua vida, depois daquele estrondo que todo mundo conheceu.

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Então, presidente, esse um bilhão já está no caixa? Essa é a primeira pergunta. Vai entrar de uma vez só? Será dividido em 50 anos? Que é o tempo do acordo, pelo que eu sei que a Portuguesa assinou. Como é que é isso exatamente, presidente?”

Presidente Castanheira: “É um momento oportuno, Wanderley. Porque a turma pensa que é um bilhão que já entra no caixa. Não, não é. A gente tem que esclarecer isso ao torcedor. Esse um bilhão e duzentos, ele vai transitar em três pernas. A perna da Arena, que é o maior valor de todos, são 500 milhões que serão investidos no complexo Canindé para fazer uma Arena multiuso. A Arena está prevista para a fase final ser entregue daqui a três anos. Então, esses 500 milhões do projeto da Arena serão investidos em três anos. Pode ser, inclusive, que fazendo uma boa gestão, você faça a mesma Arena, em vez de gastar 500, gaste 400. Então, tem esse componente.

Outro componente, a segunda perna que eu falo é a RJ da Portuguesa. O passivo histórico que a Portuguesa infelizmente entrou nesses últimos anos, principalmente nos anos 2000, onde performance contabilmente até 550 milhões, obviamente é a mesma situação. Vão ser tratados no plano financeiro para que possa ser reduzido para 200, 150 milhões. Mas contabilmente é isso mesmo, é 550 milhões.

Depois tem o projeto do futebol, o investimento no futebol, que entre um valor de investimento já definido, de 150 milhões, e mais essa diferença para 263 milhões do orçamento de cinco anos, que está sendo previsto para o time voltar à Série A do Brasileiro, visto que no Paulista já está, nós estamos indo para o terceiro ano, conquista da minha gestão. Então, esses 263 milhões de orçamento para o futebol serão investidos em cinco anos. A gente tem, inclusive, bem definido os valores durante esses cinco anos. Valor para a base, valor para o futebol feminino, futebol profissional. Esse conjunto todo que a turma fala 1bi-100, 1bi-200, contabilmente até é, em termo de projeções até é, mas, na prática, esses valores podem cair bastante”.

Wanderley Nogueira: “Entendi. Exatamente por isso que eu fiz essa pergunta, porque o número é impactante. Falei, tem que esclarecer isso direitinho, porque senão vai criar uma expectativa que não é verdadeira, aquilo que pode ser criado neste momento. É o fato da Portuguesa ressurgir, ajustar a sua casa, pagar a conta, parar de ter cobrador batendo na porta”.

Perguntado sobre o futuro do estádio do Canindé, Antônio Carlos Castanheira respondeu: “Será reformado, Wanderley. É um retrofit. Um modelo igual ao do Allianz Parque, até porque quem está à frente, o Davantel, da Reeve, foi o presidente do Allianz Parque, estava à frente do Allianz Parque, o antigo Parque Antártica, quando ele estava na WTorre, e é ele que está, inclusive, comandando o projeto imobiliário da Arena da Portuguesa”.

Wanderley Nogueira: “Entendi. Presidente, você já disse que vão entrar 500 milhões ao longo de três anos. Então, quem é que vai acompanhar isso? Porque agora a SAF cuida das coisas. O senhor não terá nenhum tipo de espaço para consulta ou checagem se as coisas estão acontecendo? Ou terá?”

Presidente Castanheira: “Vai ter um comitê do clube. Inclusive, a parte destinada ao clube, o Davantel vai fazer a 4 mãos com esse comitê que nós vamos criar no clube. Afinal de contas, a Portuguesa é sócia da SAF, 20% é da Portuguesa. É uma empresa, é uma sociedade. Então, a Portuguesa vai acompanhar sim, nós vamos contratar um especialista para nos ajudar no clube, para fazer o contraponto junto com o Davantel, para que a gente tenha dentro do clube uma pessoa habilitada tecnicamente a acompanhar isso, para que seja feita de forma profissional. Afinal de contas, eu não sou engenheiro, tem muitos ali que não são engenheiros, mas a gente vai ter essa peça aí, essa pessoa contratada. E vai ser feito em conjunto com o comitê do clube, principalmente o clube, porque se é uma área de 22 mil metros quadrados, é um clube novo. Então, a gente vai ter sim um comitê do clube”.

Wanderley Nogueira: “Certo. E a área social? Está no pacote?”

Presidente Castanheira: “Essa área social vai estar em 22 mil metros quadrados, serão construídas piscinas, quadra de tênis. O ginásio vai permanecer, que era o segundo maior ginásio da cidade de São Paulo, só perde para o Ibirapuera. A gente vai ter a definição se vai fazer o centro administrativo, até para que se tenha espaço para o social da Portuguesa”.

Wanderley Nogueira: “O estádio, três anos. E o clube social está no pacote dos três anos ou não?”

Presidente Castanheira: “Nesse pacote de três anos, junto com o estádio”.

Questionado sobre o início das obras, o presidente Castanheira disse: “Já começou. Essa semana já foram fazer medições, foram 14 pessoas para fazer todo esse tipo de medição. Tem parte burocrata, meio ambiente, tem árvore centenária. Então, já começou a gente espera que essa parte burocrática de documentação, alvará, licenciamento, demore uns três, quatro meses, vamos colocar em abril e maio começa picareta, trator e vamos embora”.

Wanderley Nogueira: “Presidente, quando é que surgiu essa ideia? Esse acordo com os investidores atuais, como foi feito?”

Presidente Castanheira: “Na verdade, eu comecei esse projeto quando eu era vice-presidente de marketing. Eu não sei se você se lembra do projeto das padarias que eu criei, que foi um sucesso. A gente alavancou receita para deixar a Portuguesa de pé. Isso, inclusive, me fez ser presidente da Portuguesa.

Nesse momento, em 2015, quando eu criei esse núcleo de negócios das padarias, eu também, concomitante a isso, criei um projeto da Arena, junto com o arquiteto, na época, Daniel Fernandes. A gente foi atrás de investidores, bati na porta da WTorre. Lá estava o Davantel, que está hoje à frente do projeto e os executivos da WTorre. Na verdade, tudo estava preparado, quando eu me candidatei à presidência em 2019, eu assumi em 2020, só que eu fui presidente do centenário, mas também fui presidente da pandemia.

Então, o projeto que estava montado acabou sendo suspenso por conta da pandemia. Aí eu retomei agora, há um ano e meio, dois, já com o futebol dentro do projeto, porque também só foi possível fazer o projeto da Arena, porque a gente achou investimento para o futebol também, que aí veio a Tauá e a XP, as duas situações juntas. A Arena para jogar bola e fazer show, e a Arena para o futebol, já fechou o pacote junto com a RJ, e a gente conseguiu agora, faltando um ano de gestão, terminar tudo”.

Wanderley Nogueira: “Presidente, o que você acha que atraiu essas empresas? É claro, tem o Salão da Portuguesa, que tem nome, tem história, é localizado na principal capital do país, teve história bonita no futebol, sem dúvida alguma. O que atraiu? E hoje, quantos sócios tem a Portuguesa?”

Presidente Castanheira: “A Portuguesa, hoje, catalogado no cadastro, tem 14 mil, mas pagante, infelizmente não chega a mil. Mas eu acho que foram três componentes, a Arena, a localização, porque aí a conta fecha com uma Arena multiuso, a possibilidade e o espaço que a Portuguesa tem de crescimento. Uma coisa é você fazer uma SAF em um time que já está top, tipo Palmeiras, Flamengo. A outra é quando você tem um time que consegue ter espaço de crescimento como a Portuguesa tem. E a terceira é a base da Portuguesa, que é a aposta maior desse grupo. Aquela Portuguesa formadora de Djalma Santos, Julinho Botelho, Enéas, Denner, Rodrigo Fábio, Leandro Amaral e vai por aí a fora”.

Wanderley Nogueira: “Entendi. Isso também é a SAF que vai cuidar”.

Presidente Castanheira: “Sim, a SAF cuida dos dois, do projeto imobiliário e do futebol. Futebol como um todo. A base, profissional, toda a estrutura, o CT da Portuguesa também”.

Wanderley Nogueira: “E o clube será cuidado pela direção do clube?”

Presidente Castanheira: “Isso! Ainda tem um ano de minha gestão no clube. Eu espero também entregar o clube profissional. Eu pretendo agora, no começo do ano, até abril, no máximo, a gente também profissionalizar o clube. A gente vê grandes clubes na cidade de São Paulo, profissionais dando certo. Clubes como Pinheiros, Ipê, clubes de ponta. E a Portuguesa também, no clube social, precisa se profissionalizar. Vai ser o segundo passo”.

Wanderley Nogueira: “Certo. O insucesso do caso Vasco da Gama, a rota de colisão que foi criada entre a direção do clube e a SAF, de alguma maneira serviu de alerta para ajustar no papel as coisas, para que elas não se repitam na Portuguesa?”

Presidente Castanheira: “Cada um tem a sua premissa, cada um tem sua história. Eu vejo, inclusive, que o Vasco voltou para a Série A, na minha opinião, por causa da SAF. É que nem o Cruzeiro. Só que aí faltou algo mais, e obviamente alguma coisa que eu desconheço aconteceu ali na ordem financeira, e o atrito que foi criado. Mas a gente discutiu isso sim, como você falou, a gente está mobilizado para que a SAF, junto com a estrutura do clube social, permaneçam unidos, e a gente vai, inclusive, no começo do ano, fazer uma reunião geral para isso, mas é um ponto preocupante sim, nem tudo que você fala que é 100% profissional, dentro do campo pode dar certo. Porque o campo é um imponderável. Então, a gente conversou bastante sobre esse tema”.

Após ser perguntado sobre o terreno ativo da Portuguesa estar no pacote, o presidente Castanheira falou: “Na verdade, não está sendo vendido. É outro esclarecimento. É uso e cessão do direito de exploração da área imobiliária por 50 anos. Depois de 50 anos, todo o equipamento que foi construído ali volta para a Portuguesa 100%. Deixar bem claro que os 102 mil metros quadrados ali são 42 mil metros quadrados da Portuguesa e 59,60 mil metros quadrados da prefeitura. Há uma cessão autorizada de 99 anos e o estádio está no meio dos dois terrenos. Isso vale para toda a área. São 102 mil metros que vão estar sendo explorados pela SAF, onde também a Portuguesa é sócia, então ela é dona também da empresa. A empresa que vai explorar. Vai explorar o estádio, o estacionamento e a Portuguesa é sócia desta operação. As pessoas confundem. Na verdade, você põe os equipamentos ali e você vai ser sócio da operação. O dono do terreno continua a Portuguesa, isso tem que deixar bem claro”.

Wanderley Nogueira: “Então, esse faturamento que possivelmente vai acontecer, claro, pela operação toda, a Portuguesa tem 20% disso, é isso?”

Presidente Castanheira: “Exatamente. Tem um faturamento previsto em cima da operação da Arena multiuso e tem o faturamento previsto do futebol. Tudo isso vai para auditoria contábil, fecha o pacote, 80% para um lado e 20% para o outro, como empresa comum. E isso, tirando as despesas”.

Wanderley Nogueira: “Quando você levou isso para o conselho houve algum tipo de grande preocupação?”

Presidente Castanheira: “Na verdade, a gente até estranha, sempre vai ter os do contra. Eu estou atrás desse projeto há nove anos, desde que eu era vice-presidente de marketing. Inclusive, eu fiz, logo em 2019, uma apresentação do projeto inicial, à época. É óbvio que agora ele mudou. A conjunção de futebol e projeto imobiliário que foi o fator primordial para a gente fechar o negócio, gera preocupações em algumas pessoas, geram temores, tem os do contra, mas foi unânime no COF, foi por aclamação no conselho. Infelizmente, na Assembleia tiveram 26 que votaram contra”.

Wanderley Nogueira: “Qual o principal argumento?”

Presidente Castanheira: “Como foi uma votação, individualmente a gente não questionou as pessoas. Até porque tinha sido votado por aclamação no Conselho e unânime no COF, mas eu acho que o maior temor é qual é a participação da Portuguesa, se realmente esses investidores têm um potencial de negócio. Deve ser esse tipo de preocupação, porque não dá para entender outra. Você está trazendo um investimento que vai salvar o clube”.

Wanderley Nogueira: “Presidente, qual é o compromisso que o grupo tem com relação ao futebol da Portuguesa? O que ele pretende fazer? Imagino que não vai ter um cofre aberto. Mas vai ser uma coisa mais organizada e mais profissional”.

Presidente Castanheira: “Os cinco primeiros anos, dos 50 anos em que nós vamos estar trabalhando o futebol profissionalmente, eles estão divididos num orçamento de 263 milhões de reais. Ali tem o valor que vai ser gasto com back-office, investimento e ampliação do CT, que é importante para trazer de novo aquelas categorias de base que a Portuguesa sempre foi forte. Investimento no futebol feminino também, futebol de base, no futebol profissional. Então, ano a ano, esses 263 milhões estão divididos entre estrutura, material humano e investimento na operação. Está muito bem montado. Aliás, eu não lembro da Portuguesa ter um projeto de orçamento de cinco anos no futebol”.

Wanderley Nogueira: “Bom, para fazer tudo, 4 milhões por mês para tudo. O time não vai ser repleto de estrelas. Imagino que serão contratações, que já devem estar acontecendo, já sabemos de algumas, pontuais para se manter numa posição, digamos assim, que não faça provocar temor por rebaixamentos. É isso que você tem na sua cabeça?”

Presidente Castanheira: “É isso aí. O orçamento está assim. Na Série D e na Série C, obrigatoriamente, a Portuguesa tem que ser a maior folha, para que a gente possa realmente ter um campeonato para subir. Na Série B, também a maior folha, desde que não caia nenhum dos grandes. Mas, se a Portuguesa chegar lá em 2028, na Série B, onde o último ano, 2029, do orçamento, o objetivo é atingir a Série A e não tiver nenhum grande, também a folha vai ser a maior. Esse é o planejamento. Óbvio que também, você está no segundo ano, você projetou um “Denner”, um “Endrick”, aí você vendeu, faturou 500 milhões, é mais dinheiro no caixa. Isso é uma projeção”.

Wanderley Nogueira: “E qual foi a reação da torcida? O que o senhor sentiu?”

Presidente Castanheira: “Foi essencial, tenho quase que convicção. A Leões da Fabulosa foi fundamental, a torcida comum também, não só a nossa organizada. Mas todos os torcedores da Portuguesa estavam ávidos para mudar a história da Portuguesa e ver uma Portuguesa profissional. Nos anos 2000, o que aconteceu, foi ladeira abaixo. Então, tenho certeza absoluta, se a torcida não tivesse pegado no colo o projeto da SAF, não teria saído, pelo menos este ano. Talvez o ano que vem, mas muito amarrado. Com muita dificuldade política e muita costura política. A chegada da torcida foi muito rápida”.

Wanderley Nogueira: “Presidente, tem uma pergunta que agora o senhor não pode fugir. Aquele terrível momento do rebaixamento, o mistério já foi inteiramente revelado ou a verdade ainda não surgiu?”

Presidente Castanheira: “O mistério acho que foi enterrado também. Eu tenho muita convicção, uma opinião minha, que a diretoria da Portuguesa não fez algo de errado. Foi muito estranho o Flamengo ter escalado o André Santos no jogo de sábado, e depois tirou quatro pontos do Flamengo, aí a Portuguesa com o Héverton, no domingo, tirou quatro pontos. O Fluminense ganhou de virada do Bahia lá em Salvador, o Fluminense se salvou. Esse bastidor, até porque eu não estava, eu era do marketing, é um segredo que não vai desvendar mais, porque o Ministério Público engavetou esse assunto, à época o promotor faleceu, a pandemia, e se teve alguma coisa errada foi junto. Não sei te dizer, realmente o que aconteceu. Tenho minhas suposições, algo pessoal, mas não se te dizer o que aconteceu”.

Wanderley Nogueira: “Aquele foi o momento que nocauteou a Portuguesa, né?”

Presidente Castanheira: “Foi, a gente já não estava bem. A Portuguesa que você conheceu de 60,70,80, até 90, foi vice-campeã brasileira em 96. Era uma. Naquele modelo ainda com o social forte, Lei Pelé, etc. Depois que modernizou o futebol, depois que veio a Lei Pelé, antes da Lei Pelé, a Portuguesa, com a Lei do Passe, trabalhou bem isso, vendia um “Denner”, cobria cinco, caixa pra trás. A Portuguesa não soube se ajustar à nova realidade do futebol.

E aí, nos anos 2000, se você fizer a conta, caímos pela primeira vez na história, em 2002. Depois, tornamos a cair antes do caso Héverton. Então, essas duas sucessões de quedas da Portuguesa, aliado ao caso Héverton e, principalmente, no ano seguinte, quando teve que tirar o time do campo em Joinville, estreando na Série B, perdendo três pontos logo de cara, por WO, aí foi uma ladeira abaixo, foram quatro renúncias de presidente, não tem como lidar com isso. Aí chegar onde chegou, piscina derrubada, campo demarcado para futebol americano, CT largado, a Portuguesa lutando há 7,8 anos para cair para a A3. Quando eu cheguei e olhei para aquilo, eu falei, meu Deus do céu, olha que tarefa que eu vou encontrar, mas Deus me guiou”.

Wanderley Nogueira: “E as próximas eleições estão marcadas para quando?”

Presidente Castanheira: “O meu último dia é em dezembro de 2025. De a gente conseguir mudar o estatuto, e eu espero que sim, eu gostaria de ter eleições fugindo do mês de dezembro, porque é um mês horrível para alguém chegar, sentar na cadeira e já pegar o trem andando no ano. Mas o atual é dezembro de 2025, a eleição”.

Wanderley Nogueira: “O senhor pode ser novamente candidato ou não?”

Presidente Castanheira: “Não, não. Eu já fui reeleito. Também não quero mais, minha missão está cumprida, a Portuguesa ficou de pé, não acabou, está firme e forte, com um projeto forte para voltar a ser a nossa Portuguesa. Minha missão está cumprida”.

Wanderley Nogueira: “Presidente Antônio Carlos Castanheira, faltou dizer alguma coisa? Aproveite nesse momento final da conversa”.

Presidente Castanheira: “Acho que é isso, Wanderley. Primeiro agradecer estar batendo um papo com você, sempre gratificante, você é um cara fantástico. Dizer para a torcida da Portuguesa que eu quero ter um agradecimento especial a todos, porque a torcida abraçou o projeto, facilitou a minha vida. Eu digo que eu só assinei, mas a torcida que encaixou. E agora a gente, cobrar também os profissionais, para que eles trabalhem com dignidade a camisa da Portuguesa. Eu tenho fé e esperança que sim, porque são empresas honradas. E a gente plantar esses novos 100 anos e agradecer a nossa torcida, a nossa imensa torcida ainda”.

Wanderley Nogueira: “Vai crescer. Seguramente vai crescer. A Portuguesa foi um clube muito querido. Era aquela história do segundo clube de todo mundo. Era divisão. Para quem você torce? Tem dois clubes que todo mundo torcia nos bons momentos do futebol, aqui em São Paulo. A Portuguesa e o Juventus. O Juventus sempre marcou por um trabalho social muito maior, era mais a área social do Juventus. E a Portuguesa era o segundo time de futebol de todo mundo.

Você sabe que vou confessar uma coisa aqui para te deixar feliz. Eu tenho três netos, duas meninas. Elas quiseram tirar fotos com camisas de clubes, que eu tenho algumas. Então, pedi à minha neta mais velha que vestisse a camisa Portuguesa, aquela camisa listrada, acho linda. E a menor, pedi que ela vestisse a do Juventus. E nós tiramos uma foto das duas. Aí ela disse: “Vô, acho que não tem ninguém da minha classe que torce para esses times”. Eu disse pra elas que com essas camisas, elas poderiam sair na rua que não tem nenhum perigo de briga, ninguém vai xingar vocês. Fiquem tranquilas, que a briga é zero. Um grande abraço, obrigado pela gentileza”.

Presidente Castanheira: “Fica com Deus, bom Natal a todos, feliz Natal”.

Wanderley Nogueira: “Para vocês da Portuguesa, que seja muito feliz na Portuguesa nesse novo momento, nessa nova caminhada, nessa nova empreitada. Com Antônio Carlos Castanheira, presidente da Portuguesa, fizemos mais uma edição da nossa conversa. Até a próxima”.

Ouça o episódio do Nossa Conversa

*Colaboraram: Lucca Dutra/José Neto

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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Fonte: https://jovempan.com.br/opiniao-jovem-pan/comentaristas/wanderley-nogueira-comentaristas/wanderley-nogueira-entrevista-antonio-carlos-castanheira-presidente-da-portuguesa.html


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